22 Outubro 2009 – Na Letónia ocorre a verdadeira coroa de glória deste período da história de Angulo: num momento de soberba inspiração Andrésdiazesca, Angulo entra aos 88 minutos e vê um amarelo aos 89 minutos. Não, não era a cor das suas ceroulas, era mesmo um cartão amarelo. E assim Angulo disse “presente!” à Europa do futebol. Pelo menos, achamos nós que ele disse: ele empapou tanto a sua fala entre a expectoração que não deu para perceber bem.
5 Novembro 2009 – Dizem que Paulo Bento saiu por isto ou por aquilo, mas a verdade é que Paulo Bento, saturado, fez uma jogada de tudo-ou-nada: “aposto o meu emprego em como hoje o espanhol vai deslumbrar a massa associativa”. Todos nós sabemos o desfecho. Angulo entrou ao intervalo e brindou todos os presentes com uma perfeita demonstração de nulidade futebolística, logo perante esse monstro do futebol chamado Ventspils. Há quem lhe chame arte minimalista.
8 Novembro 2009 – O último capítulo da saga trepidante do ancião asturiano dentro das quatro linhas. Angulo, fiel às suas convicções, entra para novos 45 minutos de geometria estática em Vila do Conde. A equipa passa do 2-0 ao 2-2. Definitivamente, Angulo esquecera-se de jogar à bola e também dos medicamentos contra o Alzheimer em Alcochete. Leonel Pontes encolhe os ombros e deixa o problema da argália de Angulo para o próximo treinador resolver.

5 Dezembro 2009 – Estava Angulo a ter a um mês tranquilo, realizando o seu treino personalizado sem condicionamentos, ou seja, cinco minutos diários de passeio em passos moderados de uma bandeirola de canto ao primeiro poste sem recurso a canadianas, quando Carvalhal se acerca dele e lhe entrega uma nota de despejo. O decano espanhol demora algum tempo a perceber o que lhe estavam a dizer, mas depois de tomar a medicação finalmente arruma o penico e as pilhas do pacemaker na bagagem e despede-se de Lisboa. Tinham sido 231 intensos minutos em 7 jogos e, valha a verdade, Angulo já se sentia exausto e sem vontade para sequer jogar um dominózito no Jardim da Estrela. Pelo menos, esta saga lusitana deu-lhe material suficiente para contar uma notável história para adormecer aos seus netinhos – um material soporífero ao nível daquele que arrastou pelos campos durante este curto, mas significativamente marcante, trimestre.
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